terça-feira, 26 de agosto de 2014

Resenha: Moribito - o guardião do espírito




Moribito: o guardião do espírito
Nahoko Uehashi
Editora Martins Fontes
226 páginas
Tradução de Rodrigo Neves


Este livro encontrei por acaso, fuçando no site da Martins Fontes logo após saber da existência dos livros da escritora Kazumi Yumoto, autora de "Amigos" e "O Outono do Álamo" (que futuramente terão suas resenhas publicadas aqui no blog). De início não me senti impelida a adquirir Moribito, já que a sinopse não me pareceu muito atraente, então deixei pra lá. A capa era um pouco diferente, com uma ilustração parecendo mangá, mas mesmo assim achei melhor dar prioridade a outros títulos, principalmente os de Haruki Murakami :P

Em meados de maio deste ano, fui dar uma garimpada numa livraria da minha cidade, até que encontrei Battel Royale, de Koushun Takami. Como o dinheiro na carteira ainda me permitia comprar mais outro livro, fui até a estante de livros infanto-juvenis e fucei. De repente vi Moribito, o que achei estranho, já que é raro encontrar livros menos "famosos" por aqui. Na ânsia de ler algo diferente, dei uma chance e comprei o título, que ficou um tempo encostado aqui na minha estante. E aqui está ele, entre os livros resenhados pelo Oriente Literário!

Moribito: o guardião do espírito faz parte de uma série de 12 livros escritos por Nahoko Uehashi, etnóloga e professora da Kawamura Gakuen University. Esta série vendeu mais de um milhão de exemplares no Japão, onde Uehashi recebeu vários prêmios literários, entre eles o de escritora revelação/ categoria literatura infanto-juvenil do Noma Bungei Sho, tradicional premiação da literatura japonesa. A autora foi agraciada recentemente com o prêmio Hans Christian Andersen, que contempla os melhores autores da literatura infanto-juvenil mundial.

No Brasil, Moribito foi publicado em 2011 pela editora Martins Fontes que, infelizmente, não deve ter se interessado pelo restante da série. Em inglês, a editora americana Scholastic publicou os dois primeiros volumes pelo selo Arthur A. Levine, dedicado ao segmento infanto-juvenil. Porém, as vendas da série não foram suficientes para que os demais volumes fossem traduzidos e lançados nos EUA, o que torna praticamente inviável aos leitores que não sabem japonês a leitura dos volumes restantes.

Sobre o enredo

Moribito  mistura elementos mitológicos e traços de um Japão antigo para contar as aventuras de Balsa, uma guerreira que protege as pessoas para expiar parte de seu passado e  que atua como guarda-costas. Nascida em Kanbal, Balsa vaga pelos territórios vizinhos para sobreviver e entrar em combate com outros guerreiros, já que a vontade de lutar tornou-se praticamente um vício, muito mais que um meio de obter o sustento. Munida de uma lança, ela é uma exímia guerreira, que não se importa com os ferimentos graves obtidos em batalha, desde que ela vença.

Neste primeiro volume, Balsa presencia um acidente envolvendo o segundo príncipe de Nova Yogo, Chagum, um menino de 13 anos. Um dos bois que puxa a carruagem em que Chagum está é estranhamente atacado durante a travessia de uma ponte, e a confusão acaba por jogar o menino ao rio. Todos os servos pulam na água na tentativa de salvar o segundo príncipe, mas é Balsa quem consegue retirá-lo com vida. Após o salvamento, a lanceira é convidada pela Segunda Rainha de Nova Yogo a desfrutar da comida e da estadia no palácio, como forma de retribuição ao salvamento do menino.

Mesmo recusando os luxos oferecidos como cortesia, Balsa é convencida a ficar pelo menos uma noite no palácio. Posteriormente, a Segunda Rainha em pessoa vai até os aposentos em que a lanceira se encontra, para agradecê-la e fazer um pedido que mudará o destino de Balsa e Chagum. Desesperada, a Segunda Rainha conta a Balsa que seu filho Chagum precisa ser protegido e retirado das dependências do palácio, pois a vida dele corre perigo. Uma estranha criatura está dentro do corpo do menino, e o Mikado - governante de Nova Yogo , sob os conselhos dos sábios chamados de Astromantes, pretende matar o próprio filho para impedir que uma catástrofe aconteça ao seu povo.

Aceitando o pedido da Segunda Rainha, Balsa leva Chagum embora e arma uma cena para isso. O local em que ela e Chagum estavam pega fogo de maneira proposital, para que todos pensem que o menino morreu. Cientes da armação, os Astromantes, o Mikado e seus oito guerreiros partem em busca do segundo príncipe para acabar de vez com a possível maldição que poderá devastar Nova Yogo.

A partir da aparição de Tanda, amigo de Balsa, e dos astromantes nos capítulos seguintes, o leitor saberá qual maldição paira sobre Chagum: ele é o hospedeiro de um ovo do Nyunga Ro Im, uma criatura que vive no mundo invisível chamado de Nayugu. O Nyunga Ro Im, segundo uma lenda, é um ser que tem capacidade de controlar as condições climáticas do Nayugu e do mundo visível, chamado de Sagu. A cada cem anos, o Nyunga Ro Im põe seus ovos nos dois mundos, sendo que no Sagu um dos ovos é sempre depositado em uma criança, que fica então responsável por hospedá-lo até sua abertura no solstício de verão. Caso o ovo não abra no período certo, ou seja comido pela criatura chamada de Rarunga, uma terrível estiagem se prolongará em Nova Yogo pelos próximos cem anos.

O trabalho de Balsa e seus amigos é descobrir como proteger Chagum e o ovo das garras de Rarunga, o demônio da lama, bem como evitar que o Mikado e seus capangas matem o menino. Para isso, Tanda e sua mestra, a xamã Torogai, serão imprescindíveis.

O livro de Nahoko Uehashi tem um ritmo rápido, um enredo que lembra muito os animes - não à toa que Moribito ganhou uma série animada, chamada de Seirei no Moribito, produzida pelo estúdio Production I.G. São ao todo 24 episódios que, pelo nome de cada um deles, eu presumo que cubram apenas este primeiro volume. (Não assisti a série animada, mas pretendo ver futuramente, quando tiver tempo de sobra)


O livro é curto, com pouco mais de 200 páginas, nada difícil de encarar. O porém é que a autora introduz muitos termos próprios dos povos  do enredo, sendo que vários termos relacionados  estão relacionados com o idioma japonês. Para que o leitor não se perca, logo no início do livro há páginas explicando as nomenclaturas citadas no enredo. Sugiro que o leitor veja e tente memorizar os nomes, porque sem isso fica um tanto complicado saber quem é quem.

Em relação ao enredo, senti que faltou algo mais no livro, como se história pudesse ser melhor contada, melhor "amarrada". A Segunda Rainha, que aparece no começo do livro, some do nada, o leitor não é informado o que ocorreu com ela depois do desaparecimento de Chagum. Os astromantes, que detêm de fato o poder, poderiam acrescentar um tempero a mais no enredo, como atrapalhar ainda mais a trajetória de Balsa e Chagum, mas não é isso o que ocorre. O Mikado quase não aparece no livro, o Primeiro Príncipe é citado, mas não se sabe muito sobre ele - só é dito que a relação entre os dois herdeiros ao trono é ruim, já que o filho mais velho do Mikado despreza Chagum.

O desfecho do livro me decepcionou, pois não esperava que a maldição que atormentava Chagum fosse derrotada de uma maneira tão fácil e sem graça. A passagem em que  Chagum se livra do ovo de Nyunga Ro Im e, consequentemente, de Rarunga, foi  rápida e sem nenhuma emoção, o que me pensar em como essa série vendeu bastante no Japão e resultou em mais 11 livros. Não sei o enredo dos volumes seguintes, mas espero que a autora tenha desenvolvido melhor as aventuras de Balsa e cia.

Se por algum acaso a Martins Fontes trouxer outros títulos de Nahoko Uehashi, talvez eu dê uma olhada. Mas após conferir este primeiro volume de Moribito, não me senti nem um pouco impelida a buscar o restante dos volumes.

Astral do livro:

Avaliação:






segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Resenha: A valise do professor



A valise do professor
Hiromi Kawakami
Editora Estação Liberdade
232 páginas
Tradução de Jefferson José Teixeira

À beira dos 40 anos, Tsukiko Omachi é uma mulher solteira, que trabalha numa firma e nas horas de folga frequenta o bar de Satoru. Numa das idas ao bar, ela reencontra seu antigo professor de língua japonesa, Harutsuna Matsumoto, um homem na casa dos 70 anos e que está sempre munido de sua valise. Ele reconhece a ex-aluna, e ela, que não era lá uma estudante muito aplicada, demora um pouco a se lembrar do nome do antigo mestre.

Como vão ao mesmo bar quase todos os dias, Tsukiko e o professor encontram-se frequentemente e passam a dividir as bebidas, e depois descobrem que possuem quase a mesma preferência para os tira-gostos. Conversa vai, conversa vem, os dois criam uma relação muito próxima, que extrapola o simples encontro no bar e se estende aos convites para passeios. Com o tempo, o sentimento de Tsukiko em relação ao professor torna-se mais intenso, a ponto da ex-aluna não conseguir parar de pensar em Matsumoto e não conseguir se relacionar com outra pessoa. Em conflito com seus próprios sentimentos, Tsukiko sofre também porque sente que não é correspondida.

A valise do professor, segundo título da autora Hiromi Kawakami que resenho aqui no blog, é uma história comovente sobre a relação entre o professor Matsumoto e sua ex-aluna Tsukiko. Ele, que vive sozinho desde que a mulher fugiu de casa em circunstâncias bem estranhas, é uma pessoa calma e gentil que encontra em sua ex-aluna uma ótima companhia para seus passeios e conversas sobre haikus de Bashô e comida japonesa. Ela, sem namorado e nem amigos, recorre constantemente ao professor quando precisa de alguém para jogar conversa fora ou passar horas agradáveis.

Mesmo que Tsukiko não seja mais sua aluna dos tempos de ensino médio, o professor ainda continua a ensiná-la, só que o objeto de seus ensinamentos versa sobre coisas muito diferentes. Cogumelos, pratos da culinária japonesa, bebidas, caminhadas, cultura nipônica... É engraçado notar que há muita referência à culinária japonesa e seus vários ingredientes de origem marinha. Confesso que, ao ler este livro, senti muitas vezes água na boca só de ler as descrições que a autora faz dos pratos que Tsukiko e o professor pedem, no bar de Satoru ou em outros estabelecimentos comerciais.

Muito ligada ao professor, Tsukiko vai desenvolvendo ciúmes em relação a ele. Algumas situações bobas também fazem com que os dois parem de conversar ou se encontrar por dias ou semanas, mas isso ocorre muito mais por conta do orgulho e da teimosia de Tsukiko do que por vontade do professor. Para ele, é como se os períodos de silêncio fossem situações corriqueiras, nada que possa interferir de maneira séria em sua vida. Todas as vezes em que Tsukiko retoma contato com o professor, este age como se nada tivesse acontecido.

O clima que ronda o livro é de uma certa tristeza, trazida à tona pelo passado vivido pelo professor e também pela dificuldade que Tsukiko tem em expressar seus verdadeiros sentimentos. Mesmo os momentos em que os dois se divertem em passeios não ajudam muito em dissipar esta sensação.

Leitura rápida, sem muitos rodeios e com toques poéticos, este livro de Hiromi Kawakami é mais um ótimo título trazido pela Estação Liberdade. Vale a pena ler este belo e triste enredo!

Astral do livro:

Avaliação:



terça-feira, 19 de agosto de 2014

Resenha: Quinquilharias Nakano




Quinquilharias Nakano
Hiromi Kawakami
Estação Liberdade
284 páginas
Tradução de Jefferson José Teixeira

Um livro leve e engraçado sobre o cotidiano e os dramas pessoais dos funcionários de uma loja de quinquilharias usadas: é assim que descrevo o livro Quinquilharias Nakano, primeiro título da autora Hiromi Kawakami trazido ao Brasil pela editora Estação Liberdade. Sem um enredo fechado, este livro mostra as situações banais envolvendo os personagens Haruo e Masayo Nakano, Takeo Kiryu e Hitomi Suganuma, às voltas com relacionamentos amorosos e clientes bizarros.

Haruo Nakano é o patrão e dono da Quinquilharias Nakano, uma loja que é equivalente ao que conhecemos como pregão ou brechó (não chame de antiquário, pois o patrão não gosta). Nela, vende-se um pouco de tudo: roupas, artigos decorativos, móveis, eletrodomésticos, objetos de arte. A maioria desses produtos têm origem em "retiradas" que o senhor Nakano faz em casas de famílias que estão de mudança ou que estão se desfazendo de bens que foram de pessoas falecidas. A irmã mais nova do senhor Nakano, Masayo, é uma artista de meia idade que está em um relacionamento complicado, mas não perde tempo em implicar com a vida amorosa do irmão.

Hitomi, a protagonista e narradora do livro, é uma jovem que trabalha como caixa na loja do senhor Nakano. É ela quem tem de aguentar as pérolas do patrão, que a faz também de detetive apenas para ficar de olho em Masayo. Com sentimentos mistos de raiva e amor em relação a Takeo, seu colega de trabalho, Hitomi passa quase o livro inteiro às turras com o rapaz, não sabendo definir o que se passa entre eles. Takeo, o crush de Hitomi, é um funcionário calado, que ajuda o senhor Nakano nas retiradas, fazendo um pouco de tudo dentro da loja. O livro mostra o impasse no relacionamento dos dois jovens funcionários, com Hitomi investindo mais em Takeo, e este sem saber o que fazer.

Além dos funcionários da loja e dos irmãos Nakano, há personagens estranhos e não menos curiosos, como a amante de Nakano, Sakiko, ela também atuante no ramo de objetos usados; Tadokoro, o velhinho safado que tenta vender fotos eróticas; Tokizo, conhecido como Garça, responsável por introduzir o sr. Nakano no mundo dos leilões virtuais; e Maruyama, o amante de Masayo que tem problemas com os proprietários do prédio onde mora. Há clientes interessantes que geram situações engraçadas para a loja do sr. Nakano, responsável por avaliar o preço de cada produto oferecido a ele.

Dessa mistureba de personagens estranhos, surge um excelente livro que versa sobre solidão, relacionamentos complexos e uma certa dificuldade de comunicação. Durante todo o livro, os diálogos passam por comentários meio sem sentido, muitas expressões de espanto e desatenção (ahn?, ah!, como?), e algumas conversas não vão pra frente. Interessante notar como a autora coloca os diálogos: enquanto um personagem conversa com outro, uma conversa tida anteriormente é trazida à tona na cabeça de Hitomi, misturando os tempos. Não sei como se chama esse tipo de recurso (se é que tem um nome), mas o que posso dizer é que o resultado ficou muito bom e diferente do que estou acostumada a ler. 

Por fim, o que tenho a dizer é: leiam este livro! Eu já estou com "A Valise do Professor", também da Kawakami, na fila de leituras, e a expectativa em relação a ele é enorme. ;)

Astral do livro:


Avaliação:







domingo, 17 de agosto de 2014

Mais um livro de Murakami no Brasil


A editora Alfaguara anunciou, em sua página oficial no Facebook, o lançamento do mais recente livro de Haruki Murakami, O Incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação,  para novembro. Lançado no Japão em abril de 2013, O Incolor Tsukuru Tazaki...  vendeu mais de 1 milhão de cópias no primeiro mês de vendas, seguindo a trajetória de sucesso dos outros títulos do autor.

Sobre o enredo
Tsukuru Tazaki, o personagem do título, é um rapaz de Nagoya que tem quatro amigos, sendo que cada um deles possui, no sobrenome, um ideograma relacionado a uma cor (vermelho, azul, preto e branco). Tazaki é o único que não se relaciona a cor alguma, o que explica o incolor do título. Na faculdade, todos os quatro amigos inexplicavelmente cortam relações com o protagonista, que é obrigado a ficar no ostracismo.

Em 2011, já com 36 anos, Tazaki parte em busca dos quatro amigos do passado, visitando-os um a um, apenas para saber os motivos do rompimento brusco que deixaram o protagonista isolado.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Estação Liberdade lançará romance coreano "Sukiyaki de Domingo"


Acabei de ver no Facebook, na página da editora Estação Liberdade, que a editora paulista lançará o romance coreano "Sukiyaki de Domingo", da escritora Bae Su-ah. É o primeiro título coreano da Estação Liberdade, conhecida principalmente por lançar obras de autores japoneses renomados, como Yasunari Kawabata, Nagai Kafu e Eiji Yoshikawa.



É uma grande surpresa, visto que quase não há títulos coreanos lançados por editoras brasileiras. Os pouquíssimos livros existentes são algumas coletâneas de contos e o livro "Por favor, cuide de mamãe", de Kyung-Sook Shin, publicado em 2012 pela Intrínseca.

Sobre o livro


Sukiyaki de domingo 
Tradução de Hyo Jeong Sung 
14 x 21 cm
304 páginas 
ISBN: 978-85-7448-242-2 
R$ 44,00


Poder degustar o sukiyaki de domingo significa para o ex-professor Ma
um revival de seus tempos de fartura. A falta de dinheiro é uma
constante, de modo que a esposa vive explodindo em recorrentes crises
histéricas. Como ele não é um especial entusiasta da arte de
trabalhar, sempre sobra para a mulher a missão de trazer dinheiro
para casa, o que não deixa de ser uma crítica da autora do livro,
Bae Su-ah, quanto à fragilidade da figura masculina no contexto
social da Coreia do Sul contemporânea. 


O Sukiyaki de domingo funciona, portanto, como uma metáfora
daquilo que os personagens desta obra almejam, um ideal de consumo, a
materialização das (parcas) ambições que os movem. Porque Sukiyaki
de domingo, o livro, trata de uma Coreia do Sul bem destoante da
portentosa imagem de Tigre Asiático consagrada no imaginário
ocidental: a de suas periferias, tão semelhantes às de quaisquer
paragens terceiro-mundistas, e seus efeitos intrínsecos, sobretudo a
dificuldade de comunicação, e de afeto, nas relações sociais e
familiares, e as fagulhas dessa incomunicabilidade sempre a alimentar
uma fogueira de violência. 


Romance de forte crítica social, Sukiyaki de domingo se estrutura a
partir de capítulos nomeados, que também podem ser lidos como
contos, já que encerram pequenos dramas e histórias. A autora optou
por uma série de personagens que parecem tirados de uma mesma
comunidade, dos quais alguns reaparecem, ou se cruzam, em mais de um
capítulo. A pobreza parece potencializar as idiossincrasias de cada
um deles: além do professor que saliva com o sukiyaki, nos
desconcertamos com a mulher que esconde suas economias numa mala de
meias sujas; com o jovem que imagina ter tirado a sorte grande ao
conseguir um 窶彙ico窶・para ajudar numa mudança; ou ainda com um
mendigo que quer ser aceito pela sociedade por querer sobreviver
somente com os restos de comida que as pessoas descartam. 


Embora originalmente japonesa, sukiyaki é uma iguaria também
consumida na Coreia, bastante semelhante a outra iguaria local
chamada shabu-shabu. Embora os restaurantes que servem este prato
sejam populares no país, os de sukiyaki, por sua vez, são bem mais
raros. Segundo a própria autora, sukiyaki é um nome que soa familiar
aos coreanos, mas poucos deles sabem exatamente do que se trata. A
ideia de evocar um elemento japonês no título de um livro
sul-coreano tem, portanto, a premissa de causar mesmo estranhamento,
como a denotar algo fora do lugar, simbolizando em certa medida o
desequilíbrio generalizado que a falta de dinheiro gera sobre a
realidade dos personagens.


Romance de estrutura fragmentária, Sukiyaki de domingo é a primeira
incursão da Estação Liberdade na literatura sul-coreana, marcando
assim a ampliação da atuação da editora no mundo das letras
orientais. 


A AUTORA

Nascida em 1965, Bae Su-ah é graduada em química pela Ewha Womans
University, de Seul, mas sempre teve por hテ。bito escrever histórias
por hobby, até debutar como escritora com a obra Chongubek palship
palnyon-ui odu-un bang (Um quarto escuro, 1988). Na sequência,
publicou Purun saguaga itnun gukdo (Estrada com maçãs verdes) e
Rhapsody in Blue (Rapsódia em azul), ambos em 1995. Desde 2001, ela
reside na Alemanha, onde segue produzindo sua ficção inventiva e
pouco convencional, caracterizada pelo aprofundamento psicológico de
seus personagens. Entre seus livros mais recentes estão Buktchok
gosil (Sala norte, 2009) e Seoul-ui najun undok-dul (Colinas baixas em
Seul, 2011). Sukiyaki de domingo, originalmente publicado em 2003, é
seu primeiro título traduzido em português.



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