Estação Liberdade lançará romance coreano "Sukiyaki de Domingo"
Acabei de ver no Facebook, na página da editora Estação Liberdade, que a editora paulista lançará o romance coreano "Sukiyaki de Domingo", da escritora Bae Su-ah. É o primeiro título coreano da Estação Liberdade, conhecida principalmente por lançar obras de autores japoneses renomados, como Yasunari Kawabata, Nagai Kafu e Eiji Yoshikawa.
É uma grande surpresa, visto que quase não há títulos coreanos lançados por editoras brasileiras. Os pouquíssimos livros existentes são algumas coletâneas de contos e o livro "Por favor, cuide de mamãe", de Kyung-Sook Shin, publicado em 2012 pela Intrínseca.
Sobre o livro
É uma grande surpresa, visto que quase não há títulos coreanos lançados por editoras brasileiras. Os pouquíssimos livros existentes são algumas coletâneas de contos e o livro "Por favor, cuide de mamãe", de Kyung-Sook Shin, publicado em 2012 pela Intrínseca.
Sobre o livro
Sukiyaki de domingo
Tradução de Hyo Jeong Sung
14 x 21 cm
304 páginas
ISBN: 978-85-7448-242-2
R$ 44,00
Poder degustar o sukiyaki de domingo significa para o ex-professor Ma
um revival de seus tempos de fartura. A falta de dinheiro é uma
constante, de modo que a esposa vive explodindo em recorrentes crises
histéricas. Como ele não é um especial entusiasta da arte de
trabalhar, sempre sobra para a mulher a missão de trazer dinheiro
para casa, o que não deixa de ser uma crítica da autora do livro,
Bae Su-ah, quanto à fragilidade da figura masculina no contexto
social da Coreia do Sul contemporânea.
O Sukiyaki de domingo funciona, portanto, como uma metáfora
daquilo que os personagens desta obra almejam, um ideal de consumo, a
materialização das (parcas) ambições que os movem. Porque Sukiyaki
de domingo, o livro, trata de uma Coreia do Sul bem destoante da
portentosa imagem de Tigre Asiático consagrada no imaginário
ocidental: a de suas periferias, tão semelhantes às de quaisquer
paragens terceiro-mundistas, e seus efeitos intrínsecos, sobretudo a
dificuldade de comunicação, e de afeto, nas relações sociais e
familiares, e as fagulhas dessa incomunicabilidade sempre a alimentar
uma fogueira de violência.
Romance de forte crítica social, Sukiyaki de domingo se estrutura a
partir de capítulos nomeados, que também podem ser lidos como
contos, já que encerram pequenos dramas e histórias. A autora optou
por uma série de personagens que parecem tirados de uma mesma
comunidade, dos quais alguns reaparecem, ou se cruzam, em mais de um
capítulo. A pobreza parece potencializar as idiossincrasias de cada
um deles: além do professor que saliva com o sukiyaki, nos
desconcertamos com a mulher que esconde suas economias numa mala de
meias sujas; com o jovem que imagina ter tirado a sorte grande ao
conseguir um 窶彙ico窶・para ajudar numa mudança; ou ainda com um
mendigo que quer ser aceito pela sociedade por querer sobreviver
somente com os restos de comida que as pessoas descartam.
Embora originalmente japonesa, sukiyaki é uma iguaria também
consumida na Coreia, bastante semelhante a outra iguaria local
chamada shabu-shabu. Embora os restaurantes que servem este prato
sejam populares no país, os de sukiyaki, por sua vez, são bem mais
raros. Segundo a própria autora, sukiyaki é um nome que soa familiar
aos coreanos, mas poucos deles sabem exatamente do que se trata. A
ideia de evocar um elemento japonês no título de um livro
sul-coreano tem, portanto, a premissa de causar mesmo estranhamento,
como a denotar algo fora do lugar, simbolizando em certa medida o
desequilíbrio generalizado que a falta de dinheiro gera sobre a
realidade dos personagens.
Romance de estrutura fragmentária, Sukiyaki de domingo é a primeira
incursão da Estação Liberdade na literatura sul-coreana, marcando
assim a ampliação da atuação da editora no mundo das letras
orientais.
A AUTORA
Nascida em 1965, Bae Su-ah é graduada em química pela Ewha Womans
University, de Seul, mas sempre teve por hテ。bito escrever histórias
por hobby, até debutar como escritora com a obra Chongubek palship
palnyon-ui odu-un bang (Um quarto escuro, 1988). Na sequência,
publicou Purun saguaga itnun gukdo (Estrada com maçãs verdes) e
Rhapsody in Blue (Rapsódia em azul), ambos em 1995. Desde 2001, ela
reside na Alemanha, onde segue produzindo sua ficção inventiva e
pouco convencional, caracterizada pelo aprofundamento psicológico de
seus personagens. Entre seus livros mais recentes estão Buktchok
gosil (Sala norte, 2009) e Seoul-ui najun undok-dul (Colinas baixas em
Seul, 2011). Sukiyaki de domingo, originalmente publicado em 2003, é
seu primeiro título traduzido em português.
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