Resenha: Tsugumi
Tsugumi
Banana Yoshimoto
Estação Liberdade
Tradução de Lica Hashimoto
184 páginas
Banana Yoshimoto
Estação Liberdade
Tradução de Lica Hashimoto
184 páginas
Após anos sendo ignorada pelas editoras brasileiras, a autora japonesa Banana Yoshimoto teve, finalmente, mais um título lançado no país. Além de Kitchen, publicado em 1988 pela Nova Fronteira, os leitores agora podem apreciar Tsugumi, lançado em outubro com tradução direta do japonês pela Estação Liberdade. Cabe ressaltar aqui que Kitchen atualmente só pode ser encontrado em bibliotecas ou sebos – e eu, se fosse você, iria logo no site da Estante Virtual ou do Livronauta para saber onde adquirir um exemplar, pois é um título que vale a pena ler e ter na estante.
A narradora de Tsugumi é Maria Shirakawa, uma estudante universitária de Tóquio que possui boas lembranças do interior do Japão, mais precisamente da península de Izu, onde morava na Pousada Yamamoto, pertencente aos seus tios. Nos anos em que ficou na pousada, morando com sua mãe até que seu pai resolvesse questões referentes a um relacionamento anterior, Maria convivia com suas primas Yoko e Tsugumi, de temperamentos bem diferentes. Tsugumi, a prima mais nova, dona de uma saúde frágil desde o nascimento, cresceu cercada de paparicos de toda a família, o que talvez tenha contribuído para que ela virasse uma jovem mandona e de gênio forte. Cruel nas palavras e nas travessuras, orgulhosa e impulsiva, Tsugumi é aquela criança pirralha que, sabendo do incômodo que causa, aumenta a carga da pentelhice para irritar ainda mais as pessoas. Yoko, por sua vez, é emotiva e gentil, totalmente o oposto da irmã caçula.
Durante o período de férias da universidade na capital japonesa, Maria é convidada por Tsugumi para passar alguns dias na pousada Yamamoto. Entusiasmada para voltar ao local de infância, sentir o cheiro do mar e relembrar os velhos tempos na pousada, Maria vai a Izu presenciar novas confusões de prima encrenqueira. Os dias de febre e fraqueza não impedem Tsugumi de causar preocupações a todos, sumindo do nada ou executando seus planos sem se preocupar com as consequências.
Minhas impressões
Já havia lido Kitchen algum tempo atrás, e por isso fiquei entusiasmada quando a Estação Liberdade havia colocado Tsugumi como provável lançamento da editora em um catálogo do ano de 2014. Passaram-se meses desde que vi o arquivo com os futuros títulos, e desde então nada de anúncio oficial com data de lançamento, o que me deixou um pouco preocupada. Como havia ocorrido com outros livros de autores japoneses, os títulos previstos sairiam sim, era apenas uma questão de ter paciência e baixar a ansiedade. Felizmente a editora cumpriu o que estava previsto e resgatou Banana Yoshimoto do limbo dos escritores que esperam por uma segunda chance de publicação.
Tsugumi, a personagem-título, é irritante mesmo, principalmente com Maria. Esta teve de aturar vários momentos de infantilidade de sua frágil prima, mas compreendeu que seria um esforço inútil tentar mudar o comportamento da garota. Em um episódio engraçado envolvendo a figura do avô que acabara de falecer, Maria cai em mais uma traquinagem arquitetada pela prima caçula, só que no final resolve ceder à brincadeira idiota e de mau gosto de Tsugumi. Daí em diante, as duas garotas tornam-se confidentes uma da outra, sendo que Tsugumi possui seu jeito peculiar de mostrar apreço pelos outros. É uma orgulhosa e uma peste, afinal.
Para Maria, Tsugumi vive em universo imaginário particular. Na hora de agir, a menina não pensa nas consequências que seus atos infantis podem trazer. Enquanto a cabeça se presta a tramar vinganças e travessuras, a boca espera o momento adequado para soltar pérolas e dizeres rudes, e o corpo planeja de onde tirará as forças necessárias para colocar os planos da garota em ação. Para a prima caçula de Maria, não interessa muito se a soma desses fatores resultará em mais uma semana doente, o importante é ter êxito nos objetivos.
A narradora de Tsugumi é Maria Shirakawa, uma estudante universitária de Tóquio que possui boas lembranças do interior do Japão, mais precisamente da península de Izu, onde morava na Pousada Yamamoto, pertencente aos seus tios. Nos anos em que ficou na pousada, morando com sua mãe até que seu pai resolvesse questões referentes a um relacionamento anterior, Maria convivia com suas primas Yoko e Tsugumi, de temperamentos bem diferentes. Tsugumi, a prima mais nova, dona de uma saúde frágil desde o nascimento, cresceu cercada de paparicos de toda a família, o que talvez tenha contribuído para que ela virasse uma jovem mandona e de gênio forte. Cruel nas palavras e nas travessuras, orgulhosa e impulsiva, Tsugumi é aquela criança pirralha que, sabendo do incômodo que causa, aumenta a carga da pentelhice para irritar ainda mais as pessoas. Yoko, por sua vez, é emotiva e gentil, totalmente o oposto da irmã caçula.
Durante o período de férias da universidade na capital japonesa, Maria é convidada por Tsugumi para passar alguns dias na pousada Yamamoto. Entusiasmada para voltar ao local de infância, sentir o cheiro do mar e relembrar os velhos tempos na pousada, Maria vai a Izu presenciar novas confusões de prima encrenqueira. Os dias de febre e fraqueza não impedem Tsugumi de causar preocupações a todos, sumindo do nada ou executando seus planos sem se preocupar com as consequências.
Minhas impressões
Já havia lido Kitchen algum tempo atrás, e por isso fiquei entusiasmada quando a Estação Liberdade havia colocado Tsugumi como provável lançamento da editora em um catálogo do ano de 2014. Passaram-se meses desde que vi o arquivo com os futuros títulos, e desde então nada de anúncio oficial com data de lançamento, o que me deixou um pouco preocupada. Como havia ocorrido com outros livros de autores japoneses, os títulos previstos sairiam sim, era apenas uma questão de ter paciência e baixar a ansiedade. Felizmente a editora cumpriu o que estava previsto e resgatou Banana Yoshimoto do limbo dos escritores que esperam por uma segunda chance de publicação.
Tsugumi, a personagem-título, é irritante mesmo, principalmente com Maria. Esta teve de aturar vários momentos de infantilidade de sua frágil prima, mas compreendeu que seria um esforço inútil tentar mudar o comportamento da garota. Em um episódio engraçado envolvendo a figura do avô que acabara de falecer, Maria cai em mais uma traquinagem arquitetada pela prima caçula, só que no final resolve ceder à brincadeira idiota e de mau gosto de Tsugumi. Daí em diante, as duas garotas tornam-se confidentes uma da outra, sendo que Tsugumi possui seu jeito peculiar de mostrar apreço pelos outros. É uma orgulhosa e uma peste, afinal.
Para Maria, Tsugumi vive em universo imaginário particular. Na hora de agir, a menina não pensa nas consequências que seus atos infantis podem trazer. Enquanto a cabeça se presta a tramar vinganças e travessuras, a boca espera o momento adequado para soltar pérolas e dizeres rudes, e o corpo planeja de onde tirará as forças necessárias para colocar os planos da garota em ação. Para a prima caçula de Maria, não interessa muito se a soma desses fatores resultará em mais uma semana doente, o importante é ter êxito nos objetivos.
Gosto do modo acessível como Banana Yoshimoto escreve seus enredos contemporâneos, contando histórias simples e cativantes sem se alongar em passagens desnecessárias. Por outro lado, acho uma pena que os livros dela sejam muito breves, daqueles que, quando a gente se apega fácil, eles já estão chegando ao fim. Quando eu começava a tomar um certo apreço por Tsugumi, a autora, através de Maria Shirakawa, já vinha preparando o terreno para encerrar a história. Ah, droga.
Tsugumi foi um bom lançamento da Estação Liberdade, que está retomando a publicação de autores japoneses há um bom tempo esquecidos no catálogo. A editora resgatou, além de Banana Yoshimoto, Osamu Dazai e Yasushi Inoue, autores cujos títulos haviam sido publicados no Brasil nas décadas de 1970 e 1980. Espero muito que tragam todos os demais títulos de Yoshimoto, como N.P., Amrita, Lizard, entre outros, não porque sejam da mesma autora, mas porque sinto falta de publicações de escritoras japonesas. Já temos livros das autoras Hiromi Kawakami e Natsuo Kirino, mas são ainda poucos títulos em relação a autores masculinos, como Junichiro Tanizaki, Yasunari Kawabata, Yukio Mishima e Haruki Murakami.
Astral do livro:
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